Antigos e Novos Mitos – Como o Passado Impede o Presente

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Muitas influências que recebi nos últimos anos tinham como fonte o conhecimento tradicional mítico que afirmava que antes, na era de ouro é que sabíamos como viver, hoje em dia estamos todos degradados e não sabemos mais como viver em harmonia.

1-      O livro do imperador amarelo afirma que vivíamos pouco porque perdemos o Dao e que na alta antiguidade os homens viviam 120 anos.

2-      A bíblia afirma que o homem vivia no paraíso e as interpretações desse símbolo indicam uma queda do paraíso como conseqüência de um pecado original.

3-      Os vedas falam da Kali Yuga, a era de trevas em que os Avatares e a virtude não habita mais entre os homens.

4-      As culturas ameríndias viviam em um estado paradisíaco e de harmonia com a natureza que precisamos aprender com eles como viver nessa harmonia.

5-      A homeopatia fala de um estado original perdido que é reconquistado ao se encontrar o similium e assim restaurar a saúde, o mesmo com os florais, cuja origem mítica vai até a Grécia antiga.

6-      Conhecimentos esotéricos nos falam de civilizações anteriores muito mais desenvolvida espiritualmente e culturalmente.

7-      Os maias por exemplo teriam sido um exemplo de uma grande cultura desenvolvida e que chegou a prever o fim do mundo!!!!

Não desconsidero o mérito de alguns indivíduos nessas culturas terem alcançado níveis altíssimos de entendimento espiritual e verdadeiros insights que ainda, na média da nossa cultura global atual, não conseguimos assimilar. Mas não podemos com isso achar que toads as pessoas na índia são iluminados, ou que cada chinês é um mestre de Tai Chi Chuan.

O Nei Jing, o Tao Te King, os Vedas, os místicos de todas as tradições não podem ser romanticamente confundidos com a médica cultural dos seus povos. Há 3000 anos na china a expectativa de vida, como na índia ou na América pré Colombiana não passava dos 35 anos.

Essa percepção equivocada dos mitos nos aponta para uma regressão tremenda e de equívocos que acompanhei e repeti muitas vezes e percebo muito comum nos romantismos pós-modernos.

Veja algumas das conclusões que decorrem dessas idéias:

Na china antiga é que se sabia realmente como praticar acupuntura.

Que o conhecimento espiritual antigo era muito mais autêntico do que o nosso.

Que os índios têm muito a nos ensinar sobre como organizar a sociedade e mais, como enfrentar os problemas ecológicos atuais.

Existem conhecimentos secretos perdidos para sempre e formulas mágicas de longevidade que só os mestres detêm.

Com o devido cuidado, pois de certa forma algumas considerações a esse respeito podem ser aproveitadas, o fato é que esses mitos nos impedem de viver o nosso tempo. Único e o mais valioso não só na história evolutiva da humanidade até hoje, como o único, como ensinam os mestres Zen, em que podemos viver e participar.

Se existe um grande momento na história, um ponto ômega para onde as consciências e os saberes se encontram, não estão no passado, mas no futuro.

Assim, por mais importante que seja se alimentar dessa cultura tradicional, ainda mais importante é trazer ao nosso tempo. E quando falo de nosso tempo não me refiro ao modelo hegemônico de cultura racionalista e de ciência monológica. Estou me apoiando no modelo integral, que considera ciência e hermenêutica, sujeito e objeto, eu, você e nós como instâncias a serem integradas de saberes e práticas. Também chamada de abordagem holística.

Psicologicamente, o mito da criança interior e tantos outros mitos regressivos são na cultura romântica um grande impasse para o crescimento. E aqui, todas as criticas não são re reprimir ou negar a existência desse movimento, mas de integrá-los para permitir que abram espaço para novas formas trans-racionais e não limitadas pelos mitos regressivos. Em suma, cultural e mítico não implica em transpessoal e espiritual.

* Esse texto ainda não passou por revisão.

About The Author

Mario Fialho

Mário Fialho é pai do Miguel Luz, professor na multiversidade, clínica e escola em Niterói. Vive dedicado a escrever, ensinar e a cuidar de tudo que é bom, belo e verdadeiro com simplicidade. E agradece a sua visita.