BELO MONTE O PRENÚNCIO DO FIM DE UMA GUERRA #integral

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Belo Monte

Como fazer do monte, do amontoado de informações que recebemos no nosso dia-a-dia, ainda assim, belo e verdadeiro? Como fazer de Belo Monte um relevante ponto de inflexão na reflexão do momento que atravessamos? Como fazer do problema do extremo do país, mas a região mais valorizada pelo mundo, que nós não conseguimos ver seu valor, algo que precisamos dar valor?, É assim a condição humana, não vemos nossos tesouros na mesma proporção que não vemos as nossas sombras, somos assim, seres das sobras…

Compreender que a história ensina, que a sociologia, a economia, o direito, a política, a psicologia, biologia, medicina, tradições… que vamos precisar sim reunir fenomenologia, hermenêutica, toda metodologa pra fazer o mais básico que buscar o real, perseguir de todos os lados, seja na dialética, na maiêutica , vamos precisar inquirir de todos os lados pra depois de tanta crítica ver o que resta, pra ver se verdade se mostra, a alethea, a clareza, o brilho,  a luz dos gregos e não a verdade dos latinos que se opõe a mentira, e vamos precisar de  logias mais para compreender que somos ainda pouco lógicos, embora muito previsíveis de fato.

Uma reflexão parte de mim e explico, como me situo como parte, partida, do princípio de onde parto. (licença poética não é delírio)

Pois é preciso partir para reunir, partir para voltar, repartir para ter, compartir para compartir mais. Na estrada dos saberes me debruço sobre tema nas memórias das aulas de direito, minha primeira “faculdade” e me pergunto sobre qual seria minha primeira faculdade, minha primeira e originária linha de desenvolvimento, seria mesmo a faculdade mental?

Sobre o Direito é preciso dizer que índios não são cidadãos como você e eu. Índios não tem sequer direito à propriedade que fundamenta nossas leis desde os primórdios, não são donos das suas terras na regras do Brasil, isso implica que quando uma empresa chega em Belo Monte ou qualquer outra região indígena, mesmo que com intensões justificáveis por tantos pontos de vista, é preciso lembrar que adquirem uma propriedade que antes não tinha dono. Tal como os invasores que aqui massacraram a população nativa, os verdadeiros “donos dessa terra” os húmus de sangue que pintou com vermelho do pau-Brasil essa terra Verde que Amarela? Assim, tomar terra de índio não parece problema ao direito, pois assim tem entendido o STF. O “Supremo” diz: o interesse administrativo secundário é prioritário sobre o primário!!!! Sabe qual é o primário? Bom, é pena que precise lembrar, mas preciso, direito primário é direito do povo, sujeito fundamental do Estado ( e lá vem as memórias das aulas do livreto do Dalmo de Abreu Dalari sobre Teoria Geral do Estado), o direito secundário é o da “Administração” a justiça Brasileira tem entendido que o interesse da administração é mais importante do que o dos índios, saca?

Esse nome, administração ganha um outro caráter sob a influência liberal no Estado no seu momento de desenvolvimento atual, uma relação prostituída com o capital das grandes empresas, assim, fica difícil falarmos em democracia do país com tamanha desigualdade e com voto obrigatório. Tentando não me desviar demais coisa difícil em assuntos tão complexos. O Estado brasileiro não reconhece propriedade aos índios e dá propriedade a quem? Bom, no caso, dá a pripriedade aos grupos internacionais, ao consórcio de países que “investem “ nos recursos finitos do pais, como a água, mas que na verdade, plantam os pés cada vez mais firmes sobre a Amazônia. Não dá pra achar que a questão é apenas essa, dos indiozinhos contra o progresso, embora seja também, não dá pra achar que é o interesse de uns índios que fingem ser índios, assim, se pintam e fazem todo o teatro, mas que todos assistem novelas da globo e querem ganhar dinheiro como qualquer outro, embora seja também. Não dá pra achar que se trata dos românticos ecologistas Brasileiros educados em valores Europeus que querem regredir ao Éden e acham que a bucólica vida de índio é que é fácil e boa, ficar na rede, ficar com um monte de mulher pelada o dia todo. Oba, carnaval, vou me vestir de índio, uhuhu!!! Vida de índio é difícil pra cacete mané! Pra cacete mesmo! E o que está em jogo é só mais energia? Mais energia pra indústria, pra eu brincar com meu IPAD e todos os outros Is? É também! Não dá pra pensar que se trata apenas de um problema político, da política dos estados-membros, que os paraenses nunca recebem atenção do Governo Federal e essa é uma grande chance!!! Isso é burrice mesmo, não tem como, eu tenho limite em incluir as coisas, embora me esforce.

O que está então em jogo além de tudo isso? Do que eu posso ver daqui, de longe, conhecendo nada, lendo quase nada e vendo o documentário acima.

– O que está em jogo é a água galerinha, um consórcio que é um pool de acionistas que nem se sabe quem é, que pode bem ser um único grupo está ficando dona de um pedaço da amazônica que tem o recuso mais valioso do planeta e não é energia elétrica é a água. É a água que corre por baixo, as bacias enormes do Brasil que o mundo inteiros está de olho e que o congresso, os países da américa latina nem sequer querem discutir. Energia elétrica é passado, acorda! Não é bom negócio, se fosse todo mundo investia, lá em Belo Monte mas as empresas, como mostra o documentário, preferiram ser construir a participar do consórcio.  Já entendeu que tem algo errado em se construir uma barragem que NÃO VAI FUNCIONAR METADE DO ANO?????

– O que está em jogo é o futuro da Amazônia, não é só energia mais barata pra minha internet. Energia termal da própria água já é uma alternativa muito melhor, barata, renovável e preserva a água com MUITO MENOS IMPACTO AMBIENTAL. Não quero falar sobre água, mas só pra saber que hoje nós exportamos água, quando dizemos que somos exportadores da aço, somos na verdade exportadores de água, quando dizemos que exportamos soja, exportamos água, quando exportamos carne, exportamos água e será que embora tenhamos 30% da água do mundo podemos desperdiçar? Embora tenhamos a maior biodiversidade do mundo possamos excluir a diversidade dos povos no nosso território.

Ainda nas aulas de direito, depois do direito a propriedade vem uma coisa, lá dos fundamentos do direito que é a tal AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS. E o que quer dizer que os índios são POVOS, quer dizer que eles são um POVO hoje sem território, na mesma condição de POVOS ISURGENTES previstas na resoluções da ONU, que podem muito bem fazer com que o Brasil sofra um intervenção internacional, o que eu acho que deveria mesmo se isso continuar nesses termos. Ainda estou no meu ponto de vista, e me sinto Niteroiense, Mineiro Brasileiro e um pouco Americano, pois morei lá e leio hoje em dia mais livros na língua inglesa, consumo mais informação e cultura americana do que a minha mesma, triste, mas preciso incluir isso também.

Ainda estou no meu ponto de vista lá de estudante de direito e lá estudei também direito indígenas, tutelados pela Funai que quando vejo no documentário uma papel desse do presidente da Funai eu penso na história dessas nações, na história espiritual desse povo, no legado espiritual que corre no meu sangue, pois sendo brasileiro como tapioca no café da manhã e também bebi ayahuasca durante 10 anos, tudo isso ensinamento de índio, não sou burro de comer gluten e leite. Meus hábitos alimentares vem de quem vive da terra, tento aprender sempre, mas também acho que preciso de energia mais barata pro meu ipad….

É uma contradição, é uma fragmentação, é uma cisão. Eu fui estudar psicologia e aprofundar meus estudos de antropologia e dá vergonha ver como os antropólogos brasileiros são etnocêntricos com relação aos índios, acham que só Brasileiro pode estudar índio entender de índio, achamos que os índios são nossos!!!! Assim como médium acha que o “caboclo que ele tem” é dele.

Que ninguém consegue explicar, que o Ministério Público Federal reagiu em todas as instâncias e mesmo assim não reverbera, tá blindado como dizem, a lei não pega, não vale nada. Não estamos num Estado de Direito no Brasil, entender que ainda temos muito o que evoluir, que a amazônia, na verdade toda a região norte do país é uma terra sem lei e vai continuar sendo enquanto eu e você não entendermos que isso é um problema meu e seu, nosso e do mundo e dos nossos netos se eu não tiver o bom-senso de não ter filhos. Quero acreditar que descobrir isso, que não temos lei, que me fez largar o idealismo dos anos do Direito. Fui buscar leis que eu pudesse verificar na Vida, as leis da “psicologia” e aí tentamos compreender de outro ponto de vista, entender que somos assim, governados por forças que nos atravessam em diversos níveis inconscientes, superconscientes, sistêmicos, sociais, culturais, linguísticos, transpessoais, arquetípicos, é impressionante como a psicologia é um mundo e nesse mundo ainda extremamente criativo, tem princípios fundamentais da dinâmica de saúde, da evolução que também se confirmam em todos os povos, leis muito mais compreensivas é verdade do que as tais tentativas de compreender os trâmites do processo como busca da justiça. Justiça é paz no coração, não é outra coisa, e não se conquista isso jamais com violência, mas com compreensão, silêncio e diálogo sincero.

Saca que estamos falando de Povos! Eu parei de tomar ayhuauasca, depois de uma décadas de experiências de pico e de abismos também,  depois que um Índio chegou pra mim e disse que queria acabar com o que o homem branco estava fazendo sério mesmo (esquece essa parte se você não é médium ou nunca tomou daime, o autor vai compreender). O índio não estava encarnado não, mas o seu ressentimento era tão grande que, sua raiva, seu choro, suas mágoas que eu pensei comigo, isso de tomar chá tocar tambor é coisa de índio, preciso arrumar um jeito mais integrado de fazer isso do que ficar torcendo pra tudo se explodir. Mas tente se colocar no lugar dos índios, esse exercício de relativismo cultura absolutamente impossível, mas tentemos mesmo assim… Não dá, né? As imagens de Avatar, de Dança com Lobos não são suficientes, nem as danças, as pinturas as tendas de suor e tudo mais que fiz no universo índio.

The world is changing…

Verdade, mas somos nós os atores dessa mudança, somos nós os responsáveis por esses grandes fluxos da vida, do espírito sobre a terra, somos nós que comandamos e reformamos intrafisicamente e extrafisicamente as camada e camadas multidimensionas que religam todas as coisas e todos os acontecimentos. Somos nós as causas de nós mesmos… nem pergunta nem afirmação. Deixo a você a entonação, a enação.

Mas o que fazer com essa visão? O que fazer diante da experiência do absurdo e da compreensão lado à lado? Dois caminhos sempre, ensinam os antigos terapeutas, o da morte, ou o da vida. Eu fico com o da vida diante da morte, e isso, está na esfera política, esta na ação, com todas as nossas forças e energias para levar as mudanças que fazemos entre nós se espalharem e se espelharem para o maior número de pessoas. Eu quero a virulência dos hackers, quero os códigos abertos, da línguas e dos corações, quero “contanimar” mais e mais pessoas e não me importo aqui se sou reconhecido por esse ou outra instituição, crio minhas instituições no caminho, reconheço o sistema legal, monto empresa, escola, clínica, asilo, restaurante, quero comida, educação, cuidado, seguridade social que não vejo no mundo, então tem que fazer, penso eu, e se posso tão facilmente dizer que penso eu, que possamos também dizer que seja eu. Não nascemos indivíduos, nascemos bandos, em ninhos e campos, ainda não nascemos de chocadeiras, nascemos do amor, do outro da cultura da terra, e por isso nos reunimos, e por isso precisamos das tribos, das tramas, das redes e por isso levantamos provocações aos ventos, uma esperança, para ver respostas à altura que esperamos e por isso não perdemos as esperanças jamais.

Somos o espírito da r-evolução e ele se manifesta em todo seu poder na vontade de mudança política. Denunciou Foucault que o pior dos sintomas do capitalismo é o desinteresse por ser a mudança na esfera pública, por não defender o vivo, por aceitarmos as prisões e suas violências, os asilos, os hospitais e manicômios, o Vivo, ou o “vivente”, não cabe nessa cultura doente e precisamos de uma cultura de saúde e por isso eu me ponho de pé.

Um Belo Monte no Centro do Éden, porque somos também nossos mitos criadores originários, onde repousa a Árvore da Vida, a que nos dará, um dia, a seiva da longevidade ou da espiritualidade mais imediata, a CURA para os nossos males, ou vai nos ensinar a respeitar a morte como o que nos faz dos vivos, vivos, embora o contrário da morte seja o nascimento e não a VIDA.

Assim, quando um povo se insurge em nosso país ele não se insurge jamais contra mim, eu me solidarizo com ele assim como me solidarizo com a luta das Primaveras Árabes, assim como me solidarizo com a luta do povo cubano, assim como me solidarizo com a luta de todas as minorias dentro das maiorias.

Mas isso não me faz deixar de compreender que essa é uma luta difícil que há que não se endurecer-se. Há que se manter flexível, saudável, feliz, mais vivo, para que nossa vida seja um na rede de sistemas insurgentes em todo o planeta que se preparam para compreender que não precisamos mais de uma cultura de deficiência, que já temos muito mais riquezas, conhecimento, heranças espirituais e conhecimento para transformar esse planeta numa grande escola de luz, de fluxos de amor, de unicidade com Gaia, entre as nações e entre nós e os planos espirituais mais elevados. OPEN SOURCE – não é apenas código aberto é “fonte aberta” é “origem aberta” para todos esse é o caminho PARA TODOS E POR TODOS E POR UMA MOTIVAÇÃO DE TRANSBORDAMENTO.

Esse é o Belo Monte que anuncia o fim da tempestade, ou o início do dilúvio, e talvez seja esse uma das guerras que tenhamos que prenunciar do começo do fim desse sistema escravizante e acho e confio e acredito e espero e trabalho todos os dias por isso para que cada um que é capaz de entender as letras acima é  também capaz de fazer a partir de si uma revolução ao seu redor, de ser um centro rodeado de bilhares de centros.

Cabe cada um subir no seu ponto mais alto, conectar com sua perspectiva mais inclusiva e amorosa para convidar a todos, todos, todos, pra esse mundo que queremos ver. Eu chego aos meus 35 anos e acho que já passei tempo demais tentando mudar a sociedade, o outro, tentando me mudar, tentar isso tudo ao mesmo tempo agora com o máximo de recursos e da melhor forma possível para o maior número de pessoas é o único sentido que me resta. Acho que precisamos é dessa dança integral, uma mudança de um, dois e três ao mesmo tempo, isso é a música, é a revolução dos ACORDES, pois só assim, não estaremos sós nesse canto azul distante na periferia de uma galáxia qualquer. ACORDE e ajude a compor a música.

Ao meu companheiro Giovanni e ao meu amigo Fernando que ontem me convidando a assistir uma das suas audiências me colocou a pensar nos anos da faculdade de direito e até incluir um Tag ao blog de “direito” entre as minhas áreas de interesse.

About The Author

Mario Fialho

Mário Fialho é pai do Miguel Luz, professor na multiversidade, clínica e escola em Niterói. Vive dedicado a escrever, ensinar e a cuidar de tudo que é bom, belo e verdadeiro com simplicidade. E agradece a sua visita.