Êxtase a arte de se surpreender consigo mesmo

Hoje acordei bem, feliz e sorrindo com facilidade. Não foi um acordar muito especial apesar da noite povoada de sonhos. Mas ao chegar na clínica, aqui na multiversidade, eu comecei a experimentar uma sensação de alegria e felicidade.

Fui colocar alguns DVDs no correio e saí na rua rindo, de mim mesmo, das memórias que me visitavam e em algums momento vertia lágrimas raras, lágrimas de felicidades. Andando pela rua com sorriso estampado é divertido ver como todos notam um sorriso aparentemente sem motivo. Aliás, essa falta de motivo que me fez querer escrever sobre o tema da alegria, da felicidade e do estase.

Há uma década atrás eu li um livro incrível chamado xamanismo e a arte do êxtase de Mircea Eliade. Mircea é um dos grandes estudiosos das religiões comparadas e de tantos outros temas de mitologia, psicologia e antropologia. No livro, encontravam-se descrições de culturas do mundo inteiro que buscavam o estase em suas práticas, definindo ele mesmo o xamanismo como essencialmente essa arte transcendente do êxtase.

Hahaha, sou neste instante, quando evoco a lembrança da alegria tomado novamente por essa vontade de rir, não de tudo, pois seria isso o desespero, como canta a canção, mas de mim mesmo, ou melhor dos meus pensamentos ou da minha descrença na realidade.

Psicólogos de algumas linhas consideram um consenso de que conteúdos reprimidos, inconscientes, podem nos roubar energia e se tornarem o que Jung chamou de sombra. A sombra ao ser integrada libera uma grande quantidade de energia na psicodinâmica o que nos faz mais criativos, mais vivos e mais alegres. Eu acredito que isso é possível, mas que em momentos simplesmente a felicidade nos visita. Pode ser o clima, o vento, as estrelas, um sorriso que te foi sorrido sem que percebesse, o que nos faz feliz?

Na minha experiência

Essa alegria é porém cordial, fruto de uma inteligência para além da inteligência, de uma ignorância para além do saber, de um estar-no-mundo e além.  A experiência de participação na realidade, de se perceber sendo tudo que emerge e o próprio espaço na consciência onde tudo emerge.

Essa abertura radical de sentido, esse meta-empirismo, essa subjetividade cósmica essa alegria sem nome, esse êxtase presenteado, esse sorriso e essa lágrima.

Hahahaha…

Existe no meu coração uma suavidade em juntar

Há em meu corpo o torpor por se viver

Há em meus olhos um possível rever

Há em teu perfume um gosto de amar

Vida-mundo-sou-to-por-aí

Em êxtase, sorrindo, crê sendo…

E você, o que te faz feliz?

About The Author

Mario Fialho

Mário Fialho é pai do Miguel Luz, professor na multiversidade, clínica e escola em Niterói. Vive dedicado a escrever, ensinar e a cuidar de tudo que é bom, belo e verdadeiro com simplicidade. E agradece a sua visita.