HOMEOPATIA – A MEDICINA DOCE

curso de homeopatia

Minhas primeiras memórias da homeopatia são da mais tenra infância. Entre respiradores e nebulizadores que traziam alívio para o infante em crises de asma, às bolinhas doces que levava pra escolinha e tinha que tomar várias vezes ao dia. A gratidão aos meus pais por terem curado minha bronquite com Baryta Carbônica. em uma dose diluída em uma garrava de refrigerante que era então dada em colheradas.

Meu pai conta essa história ainda incrédulo, pois haviam tentando de tudo para que o sono da criança fosse tranquilo e aquele remédio que parecia água, diluído em mais uma garrava d´agua não poderia ser a resposta. Mas foi.  Recontou orgulhosa essa história, que se repete em todos os lares, de quem tentou tudo e mesmo o que parecia improvável para o pai de primeira viagem se tornou remédio bom, doce e gentil. Muitos anos depois tive a oportunidade de lembra-lo algumas vezes que a sua gastrite poderia ser curada ao invés de tomar os tais remédios que eu chamava de “pastilhas de alumínio”. Não foi nenhum mistério, umas bolinhas de Nux Vômica – as dores de cabeça e a úlcera nunca mais voltaram. Hoje, quem precisa lembrar-me da homeopatia sou eu mesmo.

Homeopatia me curou pela vida afora, me lembro de uma tosse grave que foi resolvida com uma dose única de Ignatia Amara, parecia mágica, uma semana de tosse sumiu imediatamente,  me lembro de como fiquei mais inteligente  e produtivo com as doses de Sulphur, remédio que tomo até hoje pra ver se consigo apaziguar o fogo do espírito, o enxofre dos alquimistas dentro de mim.

Tantos remédios me acompanharam, conheço-os pelos sonhos, pelos reflexos no corpo, pelas experimentações em doses altíssimas que fazia comigo mesmo e logo conduziam a mudanças intensas demais, de mente, corpo e espírito. Mas homeopatia, por mais que transforme, não adoece, e seu aparente agravamento é convocação da energia vital a encontrar seu caminho mais possível, suas crises, são crises de evolução, “crises da crisálida” pra borboleta nascer.

Nas palavras do Organon da Arte de Curar, de S. Hahnemann que redescobriu a homeopatia, gravei de cor sua definição de SAÚDE e ainda me lembro-me da primeira cópia que li em Francês da sua obra prima, que no seu parágrafo 9º diz assim:

A saúde é a condição do homem, a força vital espiritual (autocrática), a força que anima o corpo material (organismo), rege-se com poder ilimitado e mantém todas as partes do organismo em admirável  harmonia, tanto em relação às funções quanto sensações, para que em nosso íntimo, nosso sentido e razão possam livremente dispor desse instrumento vivo para os mais ELEVADOS FINS DA EXISTÊNCIA.

Não consigo ler sem chorar. Foram anos muito lindos, eu estudava direito na UERJ e lia sem parar as transcrições do curso do IHB os livros do GERSH e os livros que tinha trazido da França sobre a medicina doce. As matérias médicas eram todas amigas, me admirava dos símbolos dos nomes das plantas, das formas, das correlações das tradições, valorizava tanto o animismo presente no texto quanto suas aplicações práticas com a clínica. Tal como meu primeiro contato com os Florais a Homeopatia vinha também no mesmo contexto da emergência de do fenômeno que o Centro Espírita que frequentava na época interpretam como mediunidade.

Foram anos na mesa de psicografia, fico a pensar como eu era apenas uma criança, mas lá estava sentado junto das senhoras e senhores que na penumbra da luz azul passávamos horas respondendo cartas e recebendo mensagens de outras dimensões.  Nesse contexto veio o primeiro curso de florais que oferecei em 1996 e também os primeiros contatos com a homeopatia. Tudo me parecia muito natural na época, tinha um grupo e um contexto que davam sentido para os fenômenos e simplesmente eu perguntava e o nome do remédio vinha na mente, embora eu nem sequer soubesse o que queriam dizer o para que serviriam, fui em seguida me educando sobre isso.

Mas me lembro com saudades desse tempo que me levou da militância política no Direito para me tornar terapeuta, pra me fazer sensível ao sofrimento, para a prática clínica, para estudar o sofrimento de perto, quantas vezes, de muito mais perto do que poderia imaginar.

A homeopatia foi sempre uma aliada, sempre preferi os glóbulos gentis à moda dos unicistas, capaz de uma cura profunda e permanente. Um purgar que deixa sair os excessos, os miasmas e provoca um movimento da vida em direção aos MAIS ELEVADOS FINS DA EXISTÊNCIA. Acho graça quando penso que é a mesma definição dos chineses quando afirmavam que o sentido da acupuntura é viver segundo o Dao, seguir o seu Ming, seu destino.

Não podia nem imaginar na época que me tornaria psicólogo, que dedicaria tanto tempo a entender da alma humana, a minha e das gentes que chegam. Das intervenções que às vezes me surpreendem, mas cujo efeito retorna em surpresa, pois estão embasadas na mesma compaixão e desejo de liberdade existencial. Do meu sofrimento de não poder fazer mais, de não poder ajudar a borboleta a voar, de ter que ficar junto às vezes silente, esperando que com seu próprio esforço, ganhe forças para os voos seguintes. Ficar ao lado de alguém mesmo apesar de e quando ela mesma não está ao seu lado.

Recentemente, depois de anos de recesso, a homeopatia voltou. Fiz cursos lá da UFV há mais de uma década atrás, nesse tempo a homeopatia como as terapias alternativas eram bem mais livres do que hoje. Tão simples e gentis e por isso mesmo,  tem se tornado cada vez mais vigiadas. A Anvisa com validade para remédios homeopáticos,  todos em defesa da indústria farmacêutica tem difamado Florais, Homeopatia, Fitoterapia e outros cuidados mais do que evidenciado nas práticas do mundo todo. Homeopatia não é nada menos que o segundo sistema médico mais utilizado no mundo. Sem evidência científica, então deixe que os não cientistas fiquem com elas, não parece lógico?

Tentei anos atrás fazer novamente o curso, mas fiquei decepcionado, por isso vou montar um curso de homeopatia, nos moldes do curso de florais da multiversidade acessível à todos.

A minha lembrança dos homeopatas da infância, aqueles que ficavam horas estudando as pessoas como um todo, aprendendo a conhecer a alma das gentes bem como seus sintomas mais raros, aqueles KEYNOTES que ajuda a reconhecer a cara, a energia, a vibração daquele remédio, aquela aura que acompanha a enfermidade. Lembro bem de uma médica que pediu para estudar e que me daria o remédio em outra ocasião, você imagina alguém formado numa faculdade de medicina dizendo isso para um paciente de plano de saúde? Eu tive muita sorte, foi essa a mesma que me curou com uma dose única.

Mas apesar dos tempos de disputas de mercado, a homeopatia está aí, viva, mais clara e transparentes, com mais pesquisas apoiada por nobelistas de medicina para embaraço da comunidade científica.

Pra mim, homeopatia se mistura com todo alívio de respirar, com todo alívio de abrir a energia dos corpos sutis, de toda transformação gentil e doce, mistura de água e céu, mistura de espírito na forma humana. Resquícios do tempo que espírito e mundo se completavam e saudavam o dia-a-dia. Tal como os elementos da química, eram lidos como símbolos que uniam os planetas com os órgãos, as plantas e suas formas falavam de um mesmo símbolo, uniam, reuniam, destilavam e condensavam formas de luz.

Fica o desejo e o voto que você procure um bom homeopata, procure mesmo, com mais tempo de prática melhor, porque “homeopatia é uma arte de curar”(1) um que tenha vivido as diversas etapas da vida, um que seja íntimo dos elementos e transmita a paz e a cura na presença. Saudades e gratidão por todos os que me curaram. Não sei onde estão, mas sei que estão por aí e são esses, que vale a pena chamar de homeopatas, os que curam pelo semelhante, os que cuidam do semelhante, os que te dão o único e melhor remédio para você que é justamente VOCÊ MESMO.

Texto dedicado aos meus pais, aos que me cuidaram e ao Dr. Jones Alberto, que me mostrou os primeiros caminhos no estudo da homeopatia.

(1) Referência ao Organon da Arte de Curar – livro do Hahnemann na época em que não se perdia de vista a dimensão artística que envolve o cuidado.

About The Author

Mario Fialho

Mário Fialho é pai do Miguel Luz, professor na multiversidade, clínica e escola em Niterói. Vive dedicado a escrever, ensinar e a cuidar de tudo que é bom, belo e verdadeiro com simplicidade. E agradece a sua visita.