Meu voto 2010

Voto é ideológico. (ponto) E evolutivo: (dois pontos)

O que isso quer dizer hoje em dia? Vivendo na pós-modernidade, o  que fazer na hora de escolher em quem votar? Voto é obrigatório e preciso buscar meu título de eleitor, mas na era hiper-midia, vou justificar e declarar meu voto de forma pública, para, quem sabe, fomentar alguma reflexão ou pelo menos deixar um registro.

Uma memória do meu primeiro ato nas eleições que quero compartilhar: Eu devia ter 13 anos, e fui fiscal do PT nas eleições municipais em Niterói. Na época, os votos eram “cantados”, tal como num bingo, por leitores em mesas, eram os votos em papel marcados com canetas. Em horas sentado atrás da pessoa que lia os votos eu o vi “lendo” várias vezes o nome errado no papel. Eu fiscalizava os votos pra o PT e as pessoas simplesmente falavam outros nomes a fraude era descarada.

Política era fácil, não era uma questão econômica . Hoje, os juros e a contráditória política de atração de investimentos que pareciam impossíveis de ser a tônica de um governo do PT.  Antes, existiam as pessoas da esquerda que queriam um mundo socialista com distribuição de terra, de renda e de oportunidades e as pessoas de direita, a elite ruralista, dos votos comprados e das eleições fraudadas que não queriam perder seu poder e privilégios. Tinhamos acabado de saír da ditadura, os direitos civis recém reconquistados ainda não estavam em moda, como ainda não estão em boa parte do Rio hoje cada vez mais dominado pelas milícias.

Com as eleições 1989, a televisão, pela primeira vez, derrubou Lula e elegeu o caçador de marajás no último debate, numa história sobre sua ex-mulher veiculada pela então toda poderosa organização globo que editou o debate, o sinônimo de tudo que era desinformação e manipulação das massas eram as empresas de Roberto Marinho.

Hoje, no século XXI, a televisão continua sendo um grande ator nas eleições mas ao mesmo tempo, facebook e emails se tornam ferramentas interessantes de saber dos canditados sem spam, estamos caminhado. Os jornalismo virou internacional, a instantaneidade das notíticas, os factóides eleitorais continuam. A revista veja continua sendo a revista da direita paulista, a caros amigos a revista mais à esquerda e a carta capital, pessoalmente,  o que fico feliz de ler.

Fui da juventude do PT, puxei a passeata do forra collor saindo do salesianos onde fui presidente do grêmio. Literalmente, fui o primeiro a pegar o microfone que o sindicado dos bancários emprestava aos estudantes (haha, saudades). Na minha época ainda exisitia reminscentes do MR8 e as diversas linhas dentro do PT começavam a se formar. Aliás, é impressionante como isso não seja um dado que chegue à população, entender que no partido dos trabalhadores existem correntes de pensamento em disputa, enteder que quando se vota no PT, não se vota numa ideologia hegemônica, se vota em um partido que vem se construindo entre disputas, que ao meu ver, fazendo concessões demais.

Com o escândalo do mensalão, a aliança com Sarney e Renan, surgiu o PSOL, muitos amigos migraram, ajudaram a fundar, eu mesmo cheguei a assinar pelo pedido de formação do novo partido. Mas, infelizmente, considero uma grande perda, muitos, talvez os melhores quadros do PT terem ido para o PSOL, sempre achei que a “luta se faz por dentro”.

Uma pena que a discussão socilista tenha saído do plano da política no momento, mas as crises econômicas estão aí e o mundo muda mais rápido do que os historiadores podem acompanhar e principalmente fico feliz de saber que mesmo longe das mídias, muitos movimentos sociais continuam com conquistas importantes.

O meu voto:

Meu voto inicial, quando soube da candidatura Verde seria na Marina, mas amadureci a reflexão considerando valores evolutivos que tento explicar porque acredito que o governo Dilma seja o melhor para o atual momento brasileiro.

Simbólico

Ela é mulher, uma mudança fundamental na recente emancipação da mulher e das conquistas ainda muito frágeis dos movimentos feministas que são, ainda, muito imaturos na minha leitura, mas com avanços incríveis e conquistas como a lei maria da penha no Brasil.

Dilme é uma ex-guerrilheira, fico impressionado de num momento como esse, uma jovem estudante tenha pegado nas armas pra defender o socialismo. Era um outro momento, a revolução socilista mundial estava no horizonte, hoje, espero dela mais luta à esquerda e menos lucro para os banqueiros.

Modernidade

O Brasil ainda não vive a modernidade, nossa população só agora atinge níveis de crescimento que o primeiro mundo, pra usar essa classificação que só vejo em telejornais americanos, só agora vamos poder investir em educação, cultura, segurança e seguridade social. As conquistas básicas da maturidade econômica como a inflação controlada e o acesso ao crédito.

Desenvolvimentismo

Considero que hoje o desenvolvimentismo de Dilma seja a melhor opção atual para o país. Ainda não temos conquistas básicas como moradia, energia, transporte e outras estruturas para pode seguir discutindo defesa do meio ambiente tal como os verdes fazem.

Verdes no poder

Os verdes no poder no mundo ocidental estão com 15 % do poder e avançando, mas não estamos em condição de abrir mão das conquistas do desenvolvimento básico do país por um discurso ambiental simplemente.

Meu voto, por isso, não vai para Marina.

Voto

Dilma – para consolidar o bom momento de crescimento e desenvolvimento do país.

senadores

Milton Temer – PSOL – para manter uma oposição pela esquernda.

Lindberg – PT – é o menos pior dos candidatos.

Chico Alencar – PSOL – manter uma oposição lúcida pela esquerda ao governo do PT.

Marcelo Freixo – PSOL – tem se tornado um herói na luta contra as milícias e precisamos de heróis num país que tem na corrupção-violência-impunidade uma triade que virou lugar comum.

É isso, não carrego mais bandeiras nas costas e faço campanha pelas ruas, não sou mais um militante, gostaria de estar entretanto, próximo de um movimento social mas não estou.

E a ideologia? A ideologia socialista ainda é uma esperança no horizonte, assim como um governo verde ainda nesta década.

About The Author

Mario Fialho

Mário Fialho é pai do Miguel Luz, professor na multiversidade, clínica e escola em Niterói. Vive dedicado a escrever, ensinar e a cuidar de tudo que é bom, belo e verdadeiro com simplicidade. E agradece a sua visita.