O COLETIVO É TRANSPESSOAL

transpessoal

No último trabalho ayuahsqueiro que fiz essa afirmação me veio a mente como sintese que levaria meses pra entender em intensas iniciações pessoais.

“O COLETIVO É TRANSPESSOAL”

Vamos seguir a ordem escrita, sabendo de antemão que podeíamos também afirmar que o transpessoal é o coletivo.

Em primeiro lugar, vamos entender o que é o coletivo:

– No campo psi, campo que envolve os saberes psicológicos e psiquiátricos em geral, temos uma instância delineada na obra de Jung e de outros autores transpessoais que se refere ao conjunto de imagens, lendas, mitos, estruturas sociais, saberes coletivos que consitui uma camada do inconsciente profundo.

E transpessoal, o que quer dizer.

– Campo da psicologia transpessoal é um enredo de muitos nomes, pois existe utilização de conceitos como EGO em muitas e muitas formas diferentes. Assim, transpessoal é uma possibilidade da psique humana de alcançar instâncias para “além do EGO”.

A grande confusão que acontece. E acontece mesmo, não é uma simples noção conceitual que é confusa, elas se confundem nas nossas sinapses, se confundem nos nossos caminhos espirituais e nas, para não usar nossas, minhas experiências.

Ken Wilber

Ken trouxe uma grande luz a esse campo, pois sendo ele mesmo um praticante de meditação por décadas e tendo estudado todos os autores desses campos acima, no início de sua obra ele tinha uma forte influência tranpessoal. Numa segunda etapa de sua obra, hoje divida em 5 etapas, ele diferencia o transpessoal do coletivo.

Falécia Pré-trans.

A genial distinção de Wilber é justamente denunciar que há uma falácia quando se confunde elementos do inconsciente coletivo com elementos transpessoais.

Para que o texto se torne prático aos que buscam vivências nesse campo, vou elecar algumas das confusões denunciadas por Wilber e vivenciadas por mim.

Em Freud, o conteúdo inconsciente é um conteúdo reprimido, ele é “totem e tabu”, gera um “mal-estar na civilização”, não tem como se tornar civilizado e neurótico por sua vez sem reprimir os conteúdos e impulsos animais, sem a proibição do incesto, sem a ordem do pai. Para Freud, então, todos os contúdos chamados transpessoais são regressivos, eles nos levam a experiências de nascimento de morte que são sempre elementos regressivos e pré-verbais.

Em Jung, que estudou pacientes considerados psicóticos, não os neuróticos, as imagens que emergem nos sonhos, nos delírios, nos arquétipos, nos mitos, nas deidades de todas as culturas são elementos confundidos com elementos transpessoais também. Pois são consideradas além do ego, ou trans, quando na verdade, seriam, segundo Wilber, elementos também regressivos. Em Wilber, temos que o coletivo não é transpessoal, é também um elemento de regressão.

Na minha experiência:

O contato com anjos, arcanjos, espíritos, imaginário coletivo, questões e agustias ecológicas, mitos coletivos, filmes, sonhos, linhas de umbanda, linhas orientais, as diversas “linhas” de trabalhos espirituais seriam então, nada mais que ilusões coletivas.

Na minha experiência, talvez por ser uma experiência tão rica no Brasil, como diz uma amiga minha Bahiana que é evangélica e mora no Rio, não tem como nascer no Brasil e entrar em contato com os mitos afro-brasileiros e com elementos da umbanda.

No meu caso eu conheci bastante, frequentei e tenho “amigos” em todas essas linhas.

Qual o problema então? O problema é que embora considere a diferenciação wilberiana genial, como muito de sua obra, não acredito que todo coletivo seja pré-egóico, seja pré-pessoal. Ao contrário, acho que existe uma sintes, ainda díficil de delinar, ainda complexa demais pois precisamos dar nomes e diferenciar linhas que ainda não temos como fazer e nos faltam terapeutas capazes de escutar cada uma dessas sutis diferenciações.

Eu por exemplo, lido com egrégoras como da grande fraternidade branca, em sonhos, imagens e transmissões, sou devoto de são miguel arcanjo, trabalhei e me desenvolvi medinuicamente em centros universalistas, que trabalham com ramatis, andré luiz e omulú,  visitei todas as linhas ayuasqueiras, aprendi muito com sai baba, aurobindo sou profundamente ligado ao taoísmo pelo meu trabalho com acupuntura. So fruto dessa salada dos ultimos anos que se considera movimento nova era, tento me diferenciar ardentemente desse pensamento mágico que envolve filmes como o segredo e “lei de atração” reconhecendo que trazem em si relações muito mais profundas.

O que fazer com todo o caos e paradoxos?

União.

Por isso afirmo que o COLETIVO É TRANPESSOAL.


É uma nova síntese depois de feita uma distinção.

É o resgate dos valores coletivos e das grandes imagens uma vez que elas tenham sido diferenciadas. Porque nada nos dá mais força do que seguir nossos próprios caminhos, o caminho do herói, o caminho de morte e renascimento, vivendo os grandes mitos, e também alimentando-nos do silêncio sem forma, do Tao, do nirvana.

Bom saber que ainda há muito mais para diferenciar, pra reunir, pra purificar na busca da nossa pedra filosofal, muito além da imortalidade das estrelas.

About The Author

Mario Fialho

Mário Fialho é pai do Miguel Luz, professor na multiversidade, clínica e escola em Niterói. Vive dedicado a escrever, ensinar e a cuidar de tudo que é bom, belo e verdadeiro com simplicidade. E agradece a sua visita.